Numa altura em que todos nós desejámos e nos desejaram Feliz Natal, em que ele já passou e alguns até já deixaram os seus votos para o próximo ano, achei interessante fazer um intervalo da época e deixar-vos este poema escrito no séc. XIX
EU SEI um hino gigantesco e estranho
que na noite da alma anuncia uma aurora,
e estas páginas são desse hino
cadências que o vento dilata nas sombras.
Eu quisera escrevê-lo, do homem
domando o rebelde, mesquinho idioma,
com palavras que ao mesmo tempo fossem
suspiros e risos, matizes e notas.
Mas em vão é lutar, pois não há cifra
para encerrá-lo e só quando, ó formosa,
em minhas mãos eu retivesse as tuas
cantar-to podia ao ouvido, a sós.
GUSTAVO ADOLFO BÉCQER (1836-1870)
in Antologia da Poesia Espanhola das Origens ao Século XIX
(selecção, organização, tradução, posfácio e notas de José Bento)
Para já, bom resto de semana e fim de semana.
Sejam felizes (o mais possível).