quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Grande Luisa !


É espantoso como há pessoas com tanta garra. Eu acho que não é só vontade. Nasce-se assim.
Vejam esta história que passou ontem em documentário na RTP.




"Conhecia o mundo inteiro e nunca tinha vindo aqui, porque sabia que quando viesse, nunca mais me ia embora."

Luísa Fernandes chegou sozinha a Nova Iorque em 2003, de malas feitas e um objectivo: viver e trabalhar em Manhattan. Tinha 49 anos, não conhecia ninguém na cidade e não sabia falar inglês, ao contrário do que pensava: "Estava convencida de que sabia muitas palavras em inglês e que conseguia juntar aquilo tudo, mas quando cheguei não percebia uma palavra do que diziam." Dois meses depois, com a ajuda de dois dicionários e muitos telejornais, já percebia o que lhe diziam e já se fazia entender. A vida começou a correr tão bem que em Novembro de 2009 foi uma das vencedoras de uma edição do programa "Chopped", onde quatro chefes mostram, em apenas uma hora, aquilo que valem na cozinha.

Levou para casa 10 mil dólares (7 mil euros) e a confirmação de que é uma das melhores chefes de Nova Iorque.

Mas comecemos pelo início. Luísa Fernandes era enfermeira do serviço de ortopedia do hospital Amadora-Sintra, uma profissão que exerceu por todo o mundo, durante mais de 20 anos, com uma paixão e coragem da qual se orgulha: "Fui enfermeira pára-quedista, estive em várias guerras, no Ruanda, no Sudão, na Jugoslávia, sempre em serviço. Sou muito aventureira."


Foi por isso que fazer as malas e rumar a Nova Iorque, sem olhar para trás, não a assustou nem um bocadinho. Contou os anos de serviço como enfermeira, juntou-lhe as temporadas nas guerras, fez as contas e aproveitou o que a lei lhe ofereceu: a pré-reforma ao fim de 30 anos de serviço. Os dois filhos estavam criados e era altura de ir atrás do sonho. "Pensei assim, se conseguir arranjar trabalho num restaurante, fico, se não, fico três semanas de férias e vou embora. Ao fim de seis dias estava a trabalhar no restaurante português Alfama."


A cozinha

Luísa não era uma cozinheira ocasional que de repente decidiu fazer disso profissão. Em Portugal, foi dona de um restaurante em Lisboa durante oito anos. Chamava-se Tachos de São Bento, "por ser próximo da Assembleia da República", explica a chefe a rir, pelo telefone. "Durante o dia era enfermeira, e à noite cozinhava."


Em Nova Iorque já passou por vários restaurantes e ao fim de algum tempo trocou o Alfama pelo Galitos e o Galitos pelo Georgia's Bistrot. Hoje é chefe na Churrasqueira Bairrada, mais um restaurante português, em Jericho, Mineola, na cidade de Nova Iorque. O patrão, Manuel Carvalho, fez questão de pendurar o certificado de vencedora do "Chopped" na parede da sala de refeições, para que toda a gente saiba do talento desta chefe portuguesa. Pelo caminho foi aprendendo tudo o que conseguia: "Fiz vários workshops, leio muitos livros, e aqui aprendi a preparar comida italiana, francesa, new american que é quase como a francesa e jamaicana. Tenho crescido muito em termos profissionais."


Brandon Kai, chefe do restaurante Asiate, do Hotel Mandarin, disse à RTP, no programa "30 minutos", que Luísa "cozinha com paixão e amor, e isso sente-se no que se come". Já Paul Karmichael, outro cozinheiro da nova geração de chefes nova-iorquinos, diz que a portuguesa é "a cozinheira mais amorosa e encantadora com quem alguma vez trabalhou".


Até o actor Johnny Depp fez questão de a conhecer: "Fiz o catering para a antestreia do filme 'Charlie e a fábrica de Chocolate' e eles gostaram muito do meu menu. No final o Johnny Depp foi à cozinha ter comigo para saber como é que uma portuguesa tinha vindo para cá sozinha, porque alguém lhe tinha contado a minha história. Foi muito simpático, é um homem muito simples."

"O melhor, ou não me chamo Luísa"

A entrada no programa "Chopped", da Food Network, um canal especializado em cozinha, aconteceu por acaso: "No restaurante onde trabalhava, tinha feito um menu de brunch com 35 pratos diferentes. Um dia, um cliente habitual veio falar comigo com um formulário para o programa, dizendo que nunca tinha visto um menu de brunch daqueles." Apesar dos avisos da dificuldade de selecção e de todos os castings pelos quais teria de passar, Luísa não se deixou intimidar e concorreu.

O maior problema era o inglês "que não era assim muito bom", mas no meio de várias traduções à letra - imagem de marca da chefe - a mensagem acaba por passar e toda a gente acha graça. Depois de uma entrevista em frente a duas câmaras e uma maratona de sete pratos diferentes, Luísa qualificou-se para as 15 finalistas, entre 2007 chefes femininas.

O programa foi gravado a 13 de Maio, e convicções religiosas à parte, a data deu sorte a Luísa. Durante 12 horas a chefe portuguesa aguentou estoicamente a pressão de um programa de televisão, com todos os truques e tentativas de desconcentração da produção: "É tipo 'Big Brother', provocam-nos, depois fazem entrevistas, só o tempo de competição, em que cozinhamos, é que nunca pára."


Eram quatro chefes a competir, dois homens e duas mulheres. Um deles, segundo Luísa, "um rapazinho novo completamente maluco" que não parava de lhe chamar mamã e que competiu com ela no prato final (sobremesa); uma chefe de comida vegetariana e holística com dificuldade em preparar carne e a primeira a ser "chopped" (eliminada) e um chefe fanfarrão de ascendência italiana, o segundo a ser desqualificado.

E no meio de todo o stresse, com meia hora para preparar cada um dos três pratos, a cozinheira de 55 anos, era a única que não corria desenfreada de um lado para o outro. "Estava convencida de que ia ganhar porque tenho muita confiança em mim e sei que o meu tempero é muito bom. Sou muito calma na cozinha, a minha cabeça pensa em segundos, decido em segundos e mantenho a minha decisão até ao fim sem medo. Quando fizemos o primeiro prato pensei: 'Só não ganho se não quiser.'"

A competição consistia em tirar de um cesto vários ingredientes-surpresa e transformá-los num prato, avaliado pelo júri, sempre presente, pelo sabor, confecção e apresentação.
No final, e já certa da vitória, disse ao júri: "Hoje fiquei com uma certeza, a idade é só um número."
O programa foi para ar em Novembro, assistido com pompa e circunstância no restaurante Churrasqueira da Bairrada, pelos amigos e familiares de Luísa, que fizeram questão de estar presentes. Depois de vários meses a manter segredo acerca da sua vitória - uma imposição do canal - a chefe teve finalmente direito à festa que merecia.

O futuro

Apesar de em Nova Iorque se sentir em casa e de ser "muito, muito feliz", o futuro não passa por ficar nos Estados Unidos "o resto da vida". "Ainda estou apaixonada pela cidade, mas quando já não estiver, quando for mais velha, pretendo voltar para Portugal e abrir um restaurante."





quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Momentos únicos na história da ópera


Aqui transcrevo um acontecimento ocorrido em Itália, com a intenção de que toda esta verdade se pode aplicar a Portugal . 

No último dia 12 de março a Itália festejava os 150 anos de sua criação, ocasião em que a Ópera de Roma apresentou a ópera Nabuco de Verdi, símbolo da unificação do país, que invocava a escravidão dos Judeus na Babilônia, uma obra não só musical mas também, política à época em que a Itália estava sujeita ao império dos Habsburgos (1840).


Sylvio Berlusconi assistia, pessoalmente, à apresentação, que era dirigida pelo maestro Ricardo Mutti. Antes da apresentação o prefeito de Roma, Gianni Alemanno - ex-ministro do governo Berlusconi, discursou, protestando contra os cortes nas verbas da cultura, o que contribuiu para politizar o evento.

Como Mutti declararia ao TIME, houve, já de início, uma incomum ovação, clima que se transformou numa verdadeira "noite de revolução" quando sentiu uma atmosfera de tensão ao se iniciar os acordes do coral "Va pensiero" o famoso hino contra a dominação. Há situações que não se pode descrever, mas apenas sentir; o silêncio absoluto do público, na expectativa do hino; clima que setransforma em fervor aos primeiros acordes do mesmo. A reação visceral do público quando o côro entoa - "Ó minha pátria, tão bela e perdida Ao terminar o hino os aplausos da plateia interrompem a ópera e o público se manifesta com gritos de "bis", "viva Itália", "viva Verdi".


Não sendo usual dar bis durante uma ópera, e embora Mutti já o tenha feito uma vez em 1986, no teatro La Scala de Milão, o maestro hesitou pois, como ele depois disse: "não cabia um simples bis; havia de ter um propósito particular".

Dado que o público já havia revelado seu sentimento patriótico fez com que o maestro se voltasse no púlpito e encarasse o público, e com ele o próprio Berlusconi.


Fazendo-se silêncio, pronunciou-se da seguinte forma, e reagindo a um grito de "longa vida à Itália" disse RICCARDO MUTTI:

"Sim, longa vida à Itália mas... [aplausos]. Já não tenho 30 anos e já vivi a minha vida, mas como um italiano que percorreu o mundo, tenho vergonha do que se passa no meu país. Portanto aquiesço ao vosso pedido de bis para o Va Pensiero. Isto não se deve apenas à alegria patriótica que senti em todos, mas porque nesta noite, enquanto eu dirigia o côro que cantava "Ó meu pais, belo e perdido", eu pensava que a continuarmos assim mataremos a cultura sobre a qual assenta a história da Itália. Neste caso, nós, nossa pátria, será verdadeiramente "bela e perdida". [aplausos retumbantes, inclusive dos artistas da peça] Reina aqui um "clima italiano"; eu, Mutti, me calei por longos anos.


Gostaria agora...nós deveriamos dar sentido a este canto; como estamos em nossa casa, o teatro da capital, e com um côro que cantou magnificamente e que é magnificamente acompanhado, se for de vosso agrado, proponho que todos se juntem a nós para cantarmos juntos."


Foi assim que Mutti convidou o público a cantar o Côro dos Escravos.

Toda a ópera de Roma se levantou... O coral também se levantou. Vê-se, também, o pranto dos artistas.
Foi um momento magnífico na ópera! Um momento intenso e de grande emoção para os apaixonados pela liberdade!






E a emoção,  quanto a nós e no que a Portugal diz respeito, não seria só pela paixão da liberdade. Seria sim pelo direito a essa liberdade em solidariedade e respeito mútuo.




domingo, 21 de agosto de 2011

Um fado em tempo de férias





Olá! Tenho estado um pouco ausente do blogue mas tenho visitado os vossos sempre que tenho um tempinho.

Hoje vim aqui e  resolvi oferecer-vos esta interpretação da Carminho. E  tudo porque aprecio a nova geração de fadistas que tão bem tem conseguido a continuidade dos grandes nomes do passado.

Digo isto porque a Carminho, mais propriamente de seu nome Carmo Rebelo de Andrade,  nasceu de uma mãe, também ela famosa -  Teresa Siqueira -  e tem alcançado a fama que a sua voz tão bem merece.

É irmã do também cantor Francisco Rebelo de Andrade.

Espero que gostem e para os que estão em férias, continuação de boas férias, para todos, o importante é, qualquer que seja o caso, muita saúde, paz e amor.

Grande abraço e até já!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

E siga o tango ...





No início do século XX o tango era uma dança de homens e para homens pois as mulheres que o dançassem ficavam muito mal vistas.

Passaram-se 20 anos e surgiram os nomes de Azucena Maizani, Olinda Bozan , até Tita Merello, que alteraram este princípio.


Observem a interpretação destes dois irmãos que são um regalo para a vista.

E siga a dança, ou melhor, o tango!

A seguir vejam ainda o seu desempenho em Times Square - New York.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Animais Unidos - TRAILER HD



Fui hoje com o meu neto ao cinema e deixo aqui um pouco daquilo que considerei uma maravilha de imaginação e mensagem. Acho que os realizadores estão de Parabéns.

De Parabéns estão também os portugueses que deram as suas vozes às dobragens.

"Os humanos estão a acabar com o planeta e os animas tudo fazem para reivindicar os seus direitos, essencialmente no que respeita ao direito à água como fonte de vida."

O que se vê aqui não consegue reproduzir a sensação da imagem a 3D .

No entanto, devo dizer-lhes que há já algum tempo que não via desenhos animados que passassem a intenção de mobilizar atitudes positivas para o planeta e simultaneamente que dessem a ideia dos direitos sem as habituais mensagens de guerra e luta.

Quem gostar e puder, vá ver, mas a 3D,  para poder entrar no filme.