Há dias em que tudo nos passa pela cabeça. Hoje tem sido um deles.
Vieram-me à ideia os dias semelhantes da minha infância em que, chegada da escola, eu e a minha mãe lanchávamos chá ou café com leite e torradas, com um tabuleiro nos joelhos e os pés apoiados no suporte de madeira de uma braseira octogonal onde crepitavam as brasas de carvão numa bacia de cobre, que quando abanadas deixavam fugir "umas luzinhas" (chamava eu às faúlhas) - eram as "meninas a sair da escola", dizia-me ela.
Que tempos! Melhores, piores? Diferentes.
Depois já mais velhinha, as tardes em que, mesmo chovendo, ia ao cinema com a minha avó; sim porque a minha avó era muito rapioqueira e compincha e para me fazer vontades não havia igual. Avós!!!
Íamos ao cinema - de todos eles três eram os mais habituais
e depois lanchávamos na Baixa
De seguida voltávamos a casa onde os meus pais nos esperavam para jantar. Era dia de festa para mim porque era sábado e a minha avó, viúva ainda cedo, ficava a dormir em nossa casa para domingo.Lembro-me das histórias que contava da sua infância na Beira Alta e da sua vinda para Lisboa ainda menina e moça. Do seu casamento com o meu avô e do nascimento das suas três filhas. Sim, porque eu só conheci a minha mãe, que já partiu, e a minha tia, que faz 85 anos na próxima quarta-feira.
No entanto, contava com a maior tristeza a morte de outra, nascida no meio das duas, que ainda não tinha dois anos quando num dia em que tinha havido um motim em Lisboa, a menina teria morrido sem assistência, vítima de meningite, porque as tropas impediram os meus avós de sair de casa.
Outro tempo, doutro século.
Há coisas que se gravaram na nossa memória que se sobrepõem a tantas outras que, embora de não menos importância, não nos lembramos com tanto pormenor.
Não sei se hoje sairam de casa, mas devo dizer-vos que a mim me soube bem este retiro de um dia chuvoso passado neste ambiente morninho e que permitiu que vos contasse algumas das minhas memórias.
Tenham um bom fim de semana com chuva ou sem chuva e façam por relaxar, descansando, porque
Querida Tété:
ResponderEliminarAinda ontem, pus no Fb, uma fotografia de uma braseira. A minha braseira. A braseira que aqueceu a minha infância. Também a minha mãe chamava às fagulhas, as meninas que iam para a escola.
Lembrei-me que também fui chá à Baixa, com a minha avó!....
E ainda a outra diz que; "Não há coincidências"!
Beijinhos
Maria
Querida Maria,
ResponderEliminarTantas coincidências do nosso tempo de meninas e moças.
Temos realmente muitas coisas em comum. Só isso já traduz amizade.
Beijinho
Teresa...
ResponderEliminarO que um dia de chuva, recolhidas no nosso cantinho nos faz recordar...adorei ver a foto do Eden e do Monumental...saudades do meu tempo de menina e da despreocupação com que os vivia!
Parece que finalmente consigo comentar, embora me peçam montes de códigos para saberem se não sou robbot..)))
Beijinho grande
Teresa