E se por acaso um dia o nosso país se tornar no Portugal desejado?
Não do antigamente e da ditadura que amordaçava, mas daquele país onde sempre reinou a vontade de crescer, onde o trabalho foi arma do povo, que honestamente cumpria com os seus deveres, mas que simultanea e ordeiramente sempre defendeu o direito à correspondente recompensa?
Não queria continuar a acordar e constatar que vivemos num Portugal de democracia pôdre.
Tenho pena de não reconhecer o país onde nasci, cresci, estudei, trabalhei, casei, fui mãe e que sempre vi como a minha casa enquanto permanecesse neste mundo na esperança de conseguir uma velhice confortável e feliz.
Tenho pena, muita pena de tudo o que ouço e vejo acontecer, da ansia de poder que uma vez alcançado, se traduz na cobardia das decisões tomadas pelos governantes quase sempre sem pensar no povo e olhando sempre para os mesmos umbigos que, a seu ver, devem estar acima de quaisquer dúvidas.
Já cansa a repetição exaustiva das notícias, na televisão, na rádio, nos jornais, onde nada muda e onde se continua a constatar que os sacrifícios são sempre pedidos aos mesmos.
Como eu gostava de poder deixar ao meu filho e ao meu neto um país onde a dignidade não fosse apregoada mas exercida, o respeito mútuo fizesse parte de todos e o olhar o próximo tivesse sempre uma componente de ajuda e partilha.
Claro que não estou a sonhar, estou bem acordada mas no fundo consciente de que todo este sentimento e desejo não é inconsciência, é sim esperança num futuro melhor para as gerações que neste momento não conseguem prevêr o que irá ser o seu percurso de vida.
Hoje deu-me para o desabafo. Desculpem qualquer coisinha e para desanuviar, ouçam o que lhes deixo e que foi certamente impulsionado pelo tema da comemoração da Inauguração de Guimarães -Cidade Europeia da Cultura .
Continuação de bom fim de semana.